Eis que de repente próximo à Praça Central se deu o encontro de velhos
amigos de faculdade, futebol e balada... De um lado:
ELES sorridentes e felizes,
caras pintadas de verde amarelo, com a adrenalina ao máximo. E de outro:
“ELES”, tensos, sérios e com fisionomia de
poucos amigos.
Daí, “ELES” chegam dizendo para ELES:
por que vocês vão à esta palhaçada de protestos? Contra nosso governo? Contra
todos os progressos sociais do país?
ELES
responderam em coro: vocês não estão entendo que se trata de uma situação nunca
antes acontecida nos últimos anos. O povo está mobilizado, o gigante adormecido
despertou. Todos unidos em busca de um bem maior. Queremos melhores condições
de vida para o povo brasileiro, menos impostos, melhores salários, fim da
corrupção, saúde para todos entre outras coisas.
“ELES”,
numa réplica tão rápida quanto seus poderes de raciocínio, rebatem: já não
basta nosso governo atual tirar milhões de miseráveis da pobreza com a Bolsa
Família? Não basta implantarmos a democracia, hoje utilizada por todos para
reclamarem seus anseios? Não basta o
avanço das instituições democráticas? Querem a volta do Collor? Do Fernando
Henrique Cardoso? Dos militares e suas repressões? Num tom quase de fúria, com
seus rostos cobertos por máscaras e toucas, enrolados em suas bandeiras do
PSTU, PT, PSOL, UNE e outros.
ELES,
quase em súplica, sem acreditar no que “seus amigos” dizem: Replicam: Nada
disso gente, não representamos nenhuma instituição ou partido político. Estamos
representando o povo brasileiro. A liberdade de expressão, liberdade para a imprensa,
queremos um povo livre das amarras do Estado. Vocês estão interpretando mal.
“ELES”,
rebatem: Querem um sistema Capitalista?
Querem a opressão do Capital sobre o povo? Um povo oprimido pelos
bancos, pelas indústrias? Pelos Empresários? Pelos salários de miséria dos
opressores industriais? Pela volta dos miseráveis?
Acalmem-se,
pedem ELES, vocês não estão entendendo. Não estamos querendo o retorno do
Collor. Não queremos a volta do Fernando Henrique. Muito menos dos militares no poder. Queremos
mudar as coisas erradas, e temos de aproveitar o momento. Somos milhares no
país inteiro mobilizados contra o (des)governo atual. Temos de aproveitar essa
energia toda que emana dos que estavam adormecidos, dos que estavam com medo de
criticar e dos que sentiram da alguma forma a canoa furada em que se encontram.
Já
enfurecidos, “ELES” com seus coquetéis Molotov, pedaços de paus e pedras,
decretam: não vamos deixar que a direita reacionária traga retrocesso a nossas
instituições. Esses protestos são fruto de reacionários da direita, e estamos
aqui para combater. Vamos defender
“nossos” ganhos socialistas. Nada de privatização, luta pela continuidade da
Bolsa Família, Bolsa Gás, Bolsa “aumento de filhos”, Bolsa “livros”, passagens
gratuitas para Ônibus, Aviões. Vale Alimentação, cotas gerais e irrestritas,
pelas 10hs semanais de trabalho, pelos 60 dias de férias, pelos 12 meses de salário
descanso para os casais com filhos até os 6 anos. Esses ganhos não serão
perdidos jamais.
Foi
a deixa que faltava para ELES, a passeata iria começar e estavam atrasados. Não
queriam confronto com os amigos ”ELES”. Uma breve despedida e seguiram juntos
em direção a concentração cantando: “O POVO UNIDO JAMAIS”....
“ELES”
dobraram a esquina e seguiram em direção ao Shopping e Lojas de Departamento
cantando: “A esquerda tá chegando e o Bicho vai pegar”...
Naquela
noite não se encontraram mais, mas ELES ficaram sabendo que alguns “DELES” haviam
sido presos participando de saques, outros estavam machucados por balas de
borracha e spray de Pimenta, lançados pela Polícia opressora e covarde...
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