domingo, 20 de janeiro de 2013

Carreteiro no seu trecho...


                No ranger das rodas, em música, companheira de jornada,
                Cortando estrada, sem pressa, num rumo sem hora prevista,
                Tal qual o pensamento, sem devaneio, em busca da paz perdida.

                Busca o lugar antes conhecido, bem quisto e calmo,
                E na ânsia do encontro com a tranquilidade dantes,
                Atropela a jornada, confunde o caminho, muda o rumo.
               
                Quisera ele não ser tão leve, para resistir o vento,
                Não estar tão fraco, e desviar os atalhos,
                Tão cansado a perceber os buracos.

                Com isso, quem sabe, pensa o Carreteiro,
    Após o "topo" mais alto,
                No repontar da coxilha íngreme,

    O sonho vire real, sem culpas nem atropelos.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Eles...


                Ele, o mais velho, retrato da honestidade e pureza de princípios...
                E, Ele, o do meio, a incógnita entre a simplicidade e busca de espaço...
                Ela, a caçula, a alegria, jovialidade e leveza de se estar em paz com a vida...

                Dele, o mais velho, a certeza do sorriso sem igual...
                E, dele, o do meio, o amor de família em forma mais explícita...
                Ela, a caçula, a liberdade com responsabilidade na sua melhor interpretação...
               
                Dele, o mais velho, a certeza da companhia alegre...
                E, dele, o do meio, o DNA do amor a explodir...
                Ela, a caçula, a presença da emoção contagiante...

                Deles, meu prazer de viver...
                Meu agradecimento a Deus por serem especiais...
                Minha força sem limites...

                Meu porto seguro...

Liberdade curta...




    O silêncio fala mais que todos os argumentos,
                Orienta, traz a paz interior e liberta,
                Os sonhos mais fortes retornam, desnudam dos preconceitos.

                E posso morar no melhor lugar,
                Viver a melhor vida,
                E respirar meu melhor ar.

                Pena que o tempo dos sonhos são curtos,
                Atropelam o bom e trazem o real.

                Talvez tenha que ser assim,
                Provoquem a confusão do real e irreal para que não nos acomodemos,
                E possamos sempre ter esperança a flor da pele.

                Assim, mantenhamos nossa energia, sem esquecer que podemos ser livres,
    Com nossos sentimentos libertos, sempre com esperança...


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Restaurante de Campanha....


Tudo aquilo que ninguém imagina acontecer, na Rainha da Fronteira existe espaço suficiente para que fatos muitas vezes impossíveis aconteçam sem rodeios. Todos os viventes da fronteira sabem disso, e a história esta bem documentada neste tema. Então, aí vai mais uma para engrandecer nossa pitoresca história fronteiriça.
Conta a história que Edemundo, Arquiteto e proprietário de uma grande empresa de construção, das mais próspera em Bagé, foi pela primeira vez visitar uma obra de sua empresa, esta localizada na área rural do município.
                Acompanhava o arquiteto, seu mestre de obras e braço direito da empresa, responsável pela condução da obra em questão. Chegando à obra localizada a alguns quilômetros da cidade, Edemundo, tipo muito detalhista, percorre todo canteiro de obras, questionando item por item das obras, demandando bom tempo na fiscalização dos trabalhos realizados.
                Meio dia ficado para traz a bom tempo, relógio marcando 13:30hs, deu por encerrado a vistoria, satisfeito com que viu, não havia notado o adiantado da hora. Com o estomago encostando no espinhaço, questiona seu funcionário sobre como almoçar nessa hora. Como era domingo, e as obras estavam interrompidas, não havia cozinheiro no canteiro de obras, portanto, nada de bóia por ali conseguiria. Depois de uma breve consulta a um peão da fazenda que fora acordado da sesta, um tanto contrariado que nem gato a cabresto, o peão explica ao Dr que a poucos quilômetros no retorno a Bagé, encontraria um pequeno restaurante, com certeza um bom almoço encontraria.
                Satisfeitos pela informação de que teriam como aplacar os reclamos do estomago, partem em direção ao restaurante. Depois de alguns minutos e vários quilômetros percorridos chegam ao destino. Para desânimo dos famintos, as portas do dito cujo, estavam fechadas e o silêncio imperava.
                Não se dando por vencido, o empresário solicita ao funcionário que bata na porta e tente ver se não abrem uma exceção e façam um almoço gostoso. Alguns minutos de batida foi o suficiente para que apareça a porta o proprietário, escabelado e inchado pelo tempo de sono profundo, e cumprimenta as visitas. De pronto o mestre de obras explica a situação e pergunta se o homem não poderia fazer uma refeição, pois estavam varados de fome.
                Com cara de poucos amigos, abre mais a porta e pede aos famintos entrarem. Num grito seco e alto diz:
                - Véiaaaaa. Acorda e vem cá!!
                Sua esposa aparece, coitada, também amarrotada pela sesta, cabelos brancos, desarrumados, faz um sinal com a cabeça em sinal de respeito e houve do marido:
                - Os homis tão com fome, faz uma comida rápido pra eles.
                Aproveitando a deixa, o doutor diz:
                - Um bife no ponto com batatas fritas e arroz já é suficiente.
                - Poderia me trazer uma água com gás?
                - Não tem!
                Confessa o proprietário.
                - Então me traga um refrigerante de litro, replica o arquiteto.
                - Também não tem!
                Rebate o homi.
                - Bueno, se não tem água com gás nem refrigerante me traga água gelada mesmo, sentencia o empresário.
                - O senhor tem pão e queijo, continua o exigente freguês...
                - Não tem!
- Só tenho bolacha castelhana, responde o chefe...
- Que venha então um pouco. E me traga aquela lata de milho que to vendo em cima da geladeira...
Num sopetão, aparecem as bolachas e a lata de milho, esta, aberta na frente deles com uma faca que estava descansando na cintura do vivente.
Ao se afastar para cozinha ver como estava os preparo do alimento, ainda houve uma última exigência.
-Por favor, peça pra comadre fazer uns 4 ovos fritos também!  Sentencia o Arquiteto.
Passado um tempito, aparece a cozinheira com dois maravilhoso bifes, grandes e suculentos. Os dois famintos comeram num silêncio tamanho que acusava a gostosura no desfrute do almoço.
Depois de alguns minutos saboreando aquele manjar, pergunta o freguês:
- Que temos de sobremesa?
- Só tem um pedaço de mugango na geladeira.
- Serve?  Questiona o homi.
- Se vier acompanhado de leite pode trazer 2, determina Edemundo.
- Véia, traz o Mugango e dois copos de leite pros homi aqui. Ligeiro!
- Num sapoitê, a Chef da cozinha chega com o pedido.
Matando quem queria os matar, o empresário sentindo-se muito satisfeito, diz:
- Como o senhor se chama?
- Ramão!
- Seu Ramão, queria parabenizar sua comida. Apesar de lhe pegar sesteando, e com a cozinha um tanto desfalcada de mantimentos e bebidas, o senhor nos proporcionou um almoço muito gostoso. Parabéns.
- Obrigado! Um seco e curto, que nem coice deporco, saiu de vereda da sua boca.
Finaliza então o Arquiteto e seu Mestre de Obras:
- Vou seguir meu caminho seu Ramão, desculpas por acorda-lo da sesta, mas a fome era grande...
- Quanto lhe devo?
- Nada! Responde Ramão.
- Como nada seu Ramão? Não posso deixar de lhe pagar pelo excelente almoço e sobremesa.
- Empresário de sucesso que era, o Arquiteto não perdeu tempo para prestar um ajutório de lições de economia ao seu Ramão:
- Me desculpa lhe dizer uma coisa meu senhor, talvez aí esteja a razão do senhor não ter muita coisa para oferecer no seu restaurante. O senhor não que cobrar pelos seus serviços.
- E quem lhe disse que aqui é restaurante? O restaurante fica a 2 Km logo adiante. Aqui é minha casa e não cobro bóia na minha casa.
- Boa tarde! 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Saí por cima...


         Na verdade, até hoje não sei o porquê de ter feito Medicina Veterinária; talvez um pouco de pressão familiar, outro tanto por acreditar que deveria seguir os passo do pai e trabalhar no campo, e um tanto por covardia, enfrentar o vestibular de medicina era foda . O importante é que acabei me tornando “Médico Veterinário” (grande coisa!).
                Os da família sabem muito bem a quem recorrer nos casos de doenças dos animais de suas propriedades, que são muitos, um povo que convive com gatos e cachorros o dia inteiro, recorrem a qualquer veterinário de plantão, menos a mim. Que fazer, não confiam em mim profissionalmente, e até eles tem suas razões , pois sou um péssimo profissional, medicamente falando,  pois sempre gostei dos animais e os trato muito bem, isso ninguém pode negar.
                Mas de que adianta este pequeno introito?
 Não adianta pra nada com certeza, a não ser encher espaço neste texto.
O importante agora é contar alguns episódios que aconteceram com este “profissional” nos momentos em que foi chamado a colocar seus conhecimentos a prova, isto depois de muitas recusas e ausências de outros profissionais para resolver o problema. Fatos que me levaram e honrar meu juramento de formatura: “nunca recusar, em hipótese alguma, nem por motivo nenhum, deixar de dar assistência a um animal enfermo”. Que merda, sem alternativas, lá foi o médico veterinário a cumprir suas obrigações.
O primeiro que me vem á memória, foi a castração de um cavalo na estância de um médico aposentado, homem “mui” sistemático, de poucas palavras e muitos conhecimentos, ao menos ele acreditava ter tantos assim. Não sei o porquê, mas o velho embestou que eu deveria castrar o potranco, filho de sua égua de estimação. Desejava que a criatura tivesse uma cirurgia feita por um profissional competente, e este profissional competente era EU!!!!!
Sem mais opções, nem desculpas consistentes, me fui a propriedade rural do “doutor”, fazer a pequena cirurgia no tal potranco. Antes, fui informado pelo proprietário que seu capataz José, era uma jóia de funcionário, pois trabalhava na fazenda a mais de 15 anos, e nestes anos todos, muitos cursos já tinha feito na área rural, tipo: inseminação artificial, pequenas cirurgias, diagnóstico de gestação, entre outros.
Aquilo de vereda já me deixou nervoso. Será que esse cara não sabe mais que eu? Meus 5 anos de faculdade  naquele momento balançaram, e a preocupação se fez presente. Será que esse cara não sabe mais que eu mesmo? Por que eu para castrar o potranco? Será que o patrão, o médico posudo, queria desmoralizar todos os veterinários, mostrando que seu capataz sabia mais que eu? Eu era o escolhido para seu plano senil?
Bateu uma insegurança das brabas. Devo alertar o médico que não sou tudo isso que ele pensa? Existem veterinários melhores e melhores que eu aos montes por aí?
O pior que já estava na propriedade e tinha um compromisso a cumprir. O jeito era dar uma de superior, de médico veterinário, de “eu sei tudo” e pqp...
Chegando ao palco do espetáculo, a mangueira da fazenda, tentei não dar a mínima para o ar de superior de capataz, que fazia um olhar de soslaio para meu lado, e resolvi dar uma de superior;  tragam logo o potranco que tenho mais outras cirurgias a fazer. Com minhas palavras senti certo ar de respeito do capataz “veterinário” pro meu lado. Já sem pestanejar soltei a sentença: tragam o potranco, derrubem sem machucá-lo, imobilizem e deixem que resolvo o resto. E, se por acaso não souberem nem imobilizar o animal que saiam da mangueira que faço tudo sozinho. Não sabia que podia “blefar” tão alto assim. Fiquei com vontade de ir pra LAS VEGAS fazer umas apostinhas, tal o peito do vivente.
Consegui com minhas palavras galgar alguns degraus acima do “capataz entendido”, do médico metido a besta. Num upa, o potranco já estava no chão, maneado e pronto para a cirurgia. O palco estava pronto para o “Pitangui” aqui usar suas habilidades
Após a assepsia, sempre com o olhar do capataz em cima de mim, dou início a cirurgia.
Foi nesse momento, ao exteriorizar os testículos da vítima, que o capataz me diz:
Dr. O senhor sabia que um ovo é positivo e outro negativo? Retirando as mãos rapidamente, pois tenho pavor de choque, disse: juro que não sabia. Obrigado.
“Dali” em diante tomei as rédeas da situação, pensei comigo, se vou perder para um cara que acredita que um testículo tem carga positiva e o ouro carga negativa, nunca vou ganhar de ninguém...
Até o próximo...