quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mea culpa...

Com a chegada do final do ano faço meu “mea culpa”, projetando talvez no final do próximo conseguir reduzi-la em alguns poucos %. Sempre acreditei que as culpas devam ser creditadas proporcionalmente aqueles que possuem mais condições, e por conseguinte, maiores responsáveis, quer seja pelos cargos e influências que possuem, conseqüentemente devem ser mais cobrados, criticados e responsabilizados, do que aqueles que longe destes cargos e sem influência nenhuma ficam a mercê das decisões finais, a estes uma parcela menor de culpa.
Refiro-me neste, a poluição ao meio ambiente, ao aquecimento global, entre tantas outras agressões que acontecem hoje em dia contra a natureza. Sempre acreditei que tivesse uma boa consciência ecológica, que fizesse o possível, a minha parte ao menos, para não agredir tanto a natureza. Como disse acima, não posso fazer nada pela poluição das grandes indústrias, das usinas de carvão, da poluição da queima dos combustíveis, etc, estas não tenho culpa e não admito que me culpem, nem ao menos por não estar gritando aos quatro ventos contra tudo isso. Existem, ou ao menos eles estão lá sendo pagos para isso, pessoas para lutarem pelo nosso bem estar, eles que devem lutar, legislar e combater estes grandes poluidores. Se alguma influência possa ter neste caso, é a de tentar colocar, com meu voto, as pessoas certas nos lugares certos. Confesso aqui que não acredito nisso, pois todos que tentam entrar neste meio, o fazem somente em proveito pessoal. Quando digo que não admito que me coloquem a culpa nessa luta desigual, o digo por ter certeza que já tenho minha luta contra tudo isso, e ela é muito difícil de fazer, e não posso querer me enganar ou tentar enganar a outros, acreditando que se estiver criticando numa roda de pessoas todas as agressões a natureza, estarei fazendo minha parte. Não concordo, acho isso fuga da realidade.
Depois desse intróito todo, chego a razão principal deste escrito, que é o reconhecimento de que infelizmente sou, dentro do meu nicho de atuação, um grande poluidor. Ao fazer uma autocrítica do meu dia a dia sinto vergonha de ter minha participação efetiva na destruição da natureza. Por que teria eu que ficar combatendo a poluição da usina de Candiota, com exemplo, se proporcionalmente poluo tanto quanto? Como diz o ditado, “pimenta nos olhos dos outros é colírio”! Criticar com os olhos vendados é muito fácil, nos dá a falsa impressão de dever cumprido, dormirmos melhor, sem culpas.
Voltando ao “cara” em questão aqui, me impressiono com as coisas erradas que faço no dia a dia, vou enumerar algumas: na minha casa uso como sacos de lixo aqueles saquinhos do supermercado, tenho geladeira e freezer com suas emissões de gases poluentes, transito diariamente, algumas vezes desnecessárias, com meu carro também expelindo seus gases poluentes tóxicos, uso garrafas pets e após esvaziá-las vão direto para o lixo misturadas as demais coisas imprestáveis. Tenho ar condicionado, computador, lâmpadas comuns, acendo as luzes da casa, lavo a calçada, coloco água na grama, trabalho com o gado, acendo a lareira no inverno, faço churrasco com carvão, coloco aquecedor no quarto nos dias muito frios, compro brinquedos de plásticos para os filhos e filhos dos outros, pego na rua aquelas propagandas idiotas que os subempregados ficam entregando, tenho filhos que tem tudo que enumerei acima, etc, e muitos etcs.
Para vivermos no nosso dia a dia com os confortos que gostamos, nos tornamos por natureza poluidores. Vamos deixar de acender a lareira nos dias de inverno? Não abriremos uma garrafa pet com um bom refrigerante para matar a sede ? Vamos deixar de fazer um churrasquinho no domingo, regado a várias “latinhas” de cerveja? Vamos deixar de fazer, comprar, usar tanta coisa em prol da nossa querida natureza? Vamos deixar de subir num avião para viajar de férias ? Quanta coisa teremos que abdicar de fazer hein?
Não será melhor somente ficar criticando os grandes poluidores e seguirmos poluindo aos poucos? Sermos “politicamente corretos” aos olhos dos outros e nos escondermos quietos nos nossos erros? Confesso que é muito difícil minha situação, pois tenho certeza que não abro mão de muitos confortos poluidores, não conseguirei ser um “politicamente correto” na verdadeira concepção da palavra. Serei sempre, considerando meu conforto, um defensor da natureza medíocre, cada vez mais consciente do que é hoje nosso meio ambiente, e o os estragos sem volta que nele causamos, cada vez mais angustiado com nosso futuro e de meus filhos, mas acima de tudo um poluidor sem saber como fazer sua parte para ajudar no contesto todo, tentando manter minha consciência mais confortável possível, e dormir com minha culpa. Até a próxima...

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