quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nego Mario 3, e seus ensinamentos...

Aprendi a conhecer o Nego Mario nos encontros anteriores, e confesso ser uma grata surpresa encontrá-lo sempre. Um papo com ele é muito gostoso, melhora meu dia, me deixa mais leve e de bem com a vida. Ele tem o dom de me fazer pensar e questionar minha vida, me ensina a ver no simples e pequeno a beleza que procuro nas grandes coisas.
Mesmo sendo um andarilho, sem casa nem trabalho, ele tem muita coisa a ensinar. A maioria vira a cabeça e o olha com desdém, daquela maneira que se olha um cachorro sarnento, vira-latas. Até comida algumas vezes negam a lhe oferecer, "poso" nem pensar, mas já se acostumou com isso, diz até que prefere os campos à beira da estrada, a companhia de uma boa árvore e o silêncio da noite para descansar das jornadas do dia, do que a indiferença e o desprezo daqueles que o recebem.
Mas até nisso o negão me ensina com suas palavras, “serei eu o doido mesmo”? Na minha vida não existe pobreza, riqueza, competição, herança, humilhação, estas coisas que vocês têm no dia-a-dia. No meu dia tenho paz, liberdade, tranquilidade para ir e vir, e o mais importante, tenho a natureza e o tempo suficiente para me conhecer. Tens isso tudo na tua vida? Tens a liberdade de pensar em ti e o tempo para apreciar a natureza?
Te conheces, sabes quem és? Pergunta o Nego Mario com os olhos fixos em mim. Sabes quantos sonhos não deixastes que outros a tua volta realizassem? Ou, quantos sonhos não realizastes para poderes transparecer aos outros tua lucidez? Tu viajas pela tua mente? Consegues ser livre de todos os preconceitos e amarras que a sociedade impõe para ser “politicamente correto”? E mais uma vez, como das outras vezes, ele me questiona com suas perguntas, finalizando sempre com a célebre pergunta: SOU EU O LOUCO?
Vocês estão sempre buscando o sucesso, os bens materiais e o conforto e esquecem de buscar o sucesso da alma e da paz espiritual. E quando atingem o “sucesso” necessitam se preocupar mais ainda na manutenção deste sucesso. Mais estresse e preocupações surgem para se manter neste estágio. Todos me acham insignificante e pequeno, mas pergunto, Deus não se fez pequeno também para tornar os pequenos grandes? A que leva a postura crítica, a expressão acadêmica e a cadeira de notável, se isso tudo traz a ausência de humildade e a falta de solidariedade?
Encontrei o Nego Mario esta semana, e mais uma vez saí feliz de nosso encontro, mais uma vez ele me ensinou que a felicidade está dentro de nós, em fazermos aquilo que nos dá prazer. Que posso ter um dia maravilhoso ajudando um filho, jogando bola com outro, regando uma orquídea, abraçando o do lado, do que ficar procurando coisas a comprar para me fazer feliz.
A vida é um contrato de risco, fracassar e perder faz parte deste contrato. Não podemos é nos aprisionar com medo das cláusulas para não corrermos o risco de enterrar nossa consciência. Mais um encontro com o Nego Mario, mais feliz fiquei com nossa conversa e o desejo de sempre encontrá-lo pelas estradas da vida.
Na despedida, me pergunta ele: já terminou a eleição? Ganhou teu candidato? Na mesma hora fiz cara feia e disse que não. Ganhou a outra, aquela cria do atual. - Ela? Retrucou o negão, é uma mulher? Claro, uma mulher, do mesmo partido do atual, uns ladrões e corruptos respondi. Olha doutor, disse ele, nunca subestime uma mulher, pois ela possui a sensibilidade e o feeling para ver nas pequenas coisas o poder e a grandeza, que nós acreditamos só ter nos grandes feitos. Quem sabe não dá certo hein, "dotor"?
Me calei novamente, concordei balançando a cabeça, mas por dentro minha consciência crítica, típica dos pobres de espírito, já sentenciava a presidenta culpada, mesmo antes de começar a reinar. Mais uma vez me intriga o negão, como ele consegue saber das coisas assim, de onde ele tira esses ensinamentos? Só consigo creditar ao tempo livre que possui para pensar, cuidar da mente e do espírito, e principalmente se livrar das amarras sociais as quais pertencemos. Só pode ser isso.
Mesmo não tendo as resposta, sei que gosto de encontrá-lo e conversar, mesmo que seja breve, pois ele não esquenta muito o lugar, logo se despede e cai no mundo. E, eu retorno ao “nosso mundo”, cada vez sabendo que não devo procurar mudá-lo, e sim eu tenho que mudar, e assim de alguma maneira, sem amarras possa com meu exemplo fazer minha parte.
Fica meu desejo de que, se um dia passarem pelo Nego Mario por alguma estrada, se tiverem coragem parem, converse com ele, no mínimo vai ser divertido, vão gostar.
Fico por aqui, até a próxima...

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